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Os
ex-prefeitos Warmillon Braga, Zé Benedito e Tadeu Leite responde m a mais de 100
ações na Justiça. PF indica colecionadores de processos na Justiça por
improbidade administrativa e desvio de dinheiro |
(Por Maria Clara Prates – EM) O indiciamento de três ex-prefeitos do
Norte de Minas, dois deles presos durante a Operação Violência Invisível, da
Polícia Federal, desencadeada na última terça-feira (2), pode estancar a
sangria nos cofres públicos municipais que perdura há décadas na região.
Juntos, Luiz Tadeu Leite (PMDB), ex-prefeito de Montes Claros; Warmillon Braga
(DEM), ex-prefeito de Pirapora e Lagoa dos Patos; e José Benedito Nunes Neto
(PT), ex-prefeito de Janaúba, colecionam mais de uma centena de processos, a
maioria absoluta deles por improbidade administrativa, com dano ao erário.
O campeão no ranking de ações é Warmillon, que, de acordo com
levantamento do Ministério Público Estadual, tem cerca de 90 processos. Em
seguida, vem Tadeu Leite, denunciado em 13 processos nas esferas estadual e
federal da Justiça, sendo alguns deles ainda da década de 1990. José Benedito
responde a apenas uma ação de improbidade, quando ocupava o cargo de
vice-prefeito, em 2009.
Os sete presos durante a operação policial que apurou o desvio de mais
de R$ 70 milhões em Minas e mais 10 estados entraram com pedido de habeas
corpus, distribuído para a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas.
Dos três ex-prefeitos, apenas Luiz Tadeu Leite permanece em liberdade. Ele é
considerado foragido, de acordo com o delegado da Polícia Federal em Montes
Claros Marcelo Eduardo Freitas. De acordo com a PF, o peemedebista está em
Miami (EUA) e já foi localizado em um flat. Os federais aguardam apenas a
intervenção do FBI para o cumprimento do mandado. O delegado informou que o
nome dele foi incluído na lista da Interpol. Segundo a investigação, o desvio
de recursos era promovido por meio da negociação fraudulenta de precatórios
falsos, usados para compensação tributária de dívidas dos municípios com a
União.
Bens
Tanto Tadeu Leite quanto Warmillon Braga têm parte dos seus bens
bloqueados, em ações, para possível ressarcimento aos cofres públicos.
Warmillon – que foi prefeito de Lagoa dos Patos por dois mandatos e de Pirapora
por outros dois – já foi condenado por improbidade administrativa, em sentença
do Tribunal de Justiça de Minas, em fevereiro. Ele terá que pagar o valor
referente a 100 salários de prefeito à época, por ter tentado restringir a
liberdade de expressão, com veiculação de notícias de interesse dele em uma
emissora local.
Luiz Tadeu Leite é acusado de desviar mais de R$ 10 milhões dos cofres
da Prefeitura de Montes Claros, durante os três mandatos em que foi prefeito. A
última denúncia por improbidade administrativa, feita em duas ações
apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF), o aponta como responsável
pelo desvio de R$ 4,6 milhões, desde 2009, de recursos carimbados da área da
saúde. Segundo o MPF, a União fazia o repasse de verba aos núcleos de apoio à
Saúde da Família, que só existiam no papel. A prefeitura recebia R$ 20 mil
mensais, por cada um dos cinco núcleos criados. No entanto, funcionários foram
deslocados para outras áreas, sem que o governo federal fosse comunicado. Já
José Benedito Nunes, de Janaúba, é acusado de desviar R$ 300 mil do Instituto de
Previdência dos Servidores Públicos Municipais, com ajuda do irmão, Anderson
Nunes Silva, que ocupou o cargo de diretor financeiro do órgão.
Exonerado
O deputado federal Ademir Camilo (PSD-MG) anunciou a exoneração do
funcionário de confiança Marcos Vinícios da Silva, lotado em seu gabinete na
Câmara dos Deputados, desde 2010, com salário de R$ 3 mil. Ele é o único
foragido da primeira fase da Operação Violência Invisível, da Polícia Federal.
Marcos Vinícios presidia o PDT de Araçuaí, uma das cidades investigadas pela
operação, e coordenou a campanha do deputado na última eleição, quando ele
disputou pelo PDT.